Como Fazer uma Massa Crítica

Texto retirado e traduzido livremente de: www.reachoutpub.com/cm

Introdução

O que é isso que está acontecendo? Perguntam os pedestres entretidos e confusos na Market Street quando centenas de ciclistas barulhentos e animados passam pedalando, gritando e soando suas buzinas. Poderão ser ouvidas muitas respostas diferentes: É sobre diversão nas ruas. É por um modo de vida mais social. É sobre defender nosso direito de usar as ruas. É sobre solidariedade. A Massa Crítica é muitas coisas para muitas pessoas, e apesar de muitas das concepções expressadas poderem evocar memórias de protestos políticos do passado, a Massa Crítica é sobretudo uma celebração, não um protesto.

A Massa Crítica começou em Setembro de 1992 em São Francisco como um modo de unir esses vários povos em uma retomada festiva do espaço público. A idéia foi inicialmente concebida por uma pessoa, que espalhou a idéia para outros ciclistas (veja A Massa Crítica de Dentro para Fora no final deste documento). A proeminente comunidade dos ciclistas mensageiros (bike boys) de São Francisco foi recrutada a princípio através do boca-a-boca, enquanto os trabalhadores na rua eram abordados por alguém distribuindo panfletos no meio do distrito financeiro da cidade.

O primeiro evento atraiu 60 ciclistas, e esses números dobraram por vários meses conseguintes. A Massa Crítica continuou a crescer em São Francisco, reunindo mais de 400 ciclistas a cada mês, com um recorde de mais de 1000 em outubro de 1993, e também se espalhando para outras cidades. Com bicicletadas independentes surgindo por todo lugar, a Massa Crítica começou a tomar a forma de um movimento expontâneo, decentralizado de grande escala!

No fim das contas a Massa Crítica é somente um bando de ciclistas andando por aí juntos, indo de um lugar ao outro. (Alguém cunhou a expressão “coincidência organizada”) Mas muitas questões importantes e interessantes surgem ao executar essa simples tarefa. Por que há tão pouco espaço nas nossas cidades onde as pessoas possam relaxar e interagir, longe da incessante compra e venda da vida comum? Porque as pessoas são forçadas a organizar suas vidas em função de ter um carro? Como seria um futuro alternativo?

Ao escrever esse panfleto não pretendemos responder a essas perguntas. Estamos simplesmente usando nossa familiaridade com duas das muitas bibicletadas da Massa Crítica (a de São Francisco e a de Berkeley) para ajudar a acelerar a difusão da Massa Crítica a outras cidades, e para partilhar idéias, táticas, soluções, etc. Esperamos que um panfleto pequeno, não custoso, e facilmente reproduzível vá contribuir muito com fornecer aos interessados a informação e os materiais necessários para organizar seu próprio evento.

É importante enfatizar, no entanto, que nunca dois eventos da Massa Crítica são iguais e, embora a Massa Crítica possa ser uma abordagem comum para um problema comum, contextos diferentes irão produzir diferentes dinâmicas, pressões, etc. Este panfleto, então, de modo algum pretende ser um guia oficial ou código estrito de regras colocadas por um comitê que sabe tudo. Pelo contrário, este é somente produto de um punhado de entusiastas do Massa Crítica da baía de São Francisco e inevitavelmente irá refletir nossas experiências, preconceitos e crenças.

Planejamento

Deve ser relativamente fácil criar um passeio de Massa Crítica. Toda cidade tem uma população de ciclistas que são marginalizados e ameaçados pelo sistema de transporte atual, quer sejam pessoas indo para o trabalho, entregadores ou pessoas que pedalam só por diversão. Talvez estes grupos sejam apenas a ponta do iceberg. Má qualidade do ar, degradação ambiental e o declínio da qualidade de vida em geral devido ao trânsito motorizado são sentidos por todos. Há uma potencial massa base para mudanças em todos esses grupos espalhados e isolados, e uma Massa Crítica pode servir como ponto de encontro para reunir todos.

Quando e Onde Começar

Os passos preliminares para organizar uma pedalada são bem diretos: escolha um horário, local e trajeto. Começar o passeio em algum área do centro é obviamente uma boa escolha, já que tantos ciclistas já estão lá. Um local público bem conhecido, de fácil acesso à maioria dos ciclistas, onde um grande número de pessoas possam se reunir antes de pedalar é perfeito. (Em São Francisco, a Massa Crítica parte de uma praça próxima ao centro financeiro, que está convenientemente localizada no início do maior corredor de trânsito.)

Escolher um horário é ainda mais fácil: vocês querem se reunir no final da tarde, digamos 18h30, tanto para dar tempo aos trabalhadores que se deslocam de bicicleta quanto para ganhar visibilidade ao ter certeza que a Massa Crítica será parte do trânsito da hora do rush. Realizar a Massa Crítica em uma sexta-feira marca ela como sendo o início do fim-de-semana, e contribui para a atmosfera de celebração da pedalada. E qual sexta-feira é melhor para o evento do que a última sexta-feira do mês? Se a Massa Crítica continuar a se espalhar, chegará o dia em que, na última sexta-feira do mês, o sol estará sempre brilhando sobre uma Massa Crítica!

É importante que o local e horário sejam constantes, para que seja fácil para as pessoas participarem de forma regular, e que mais pessoas possam se juntar a ela enquanto o passeio continua.

Planejando um Trajeto

Escolher um trajeto seguro e divertido é fundamental para deixar a Massa Crítica sempre fresca e divertida. Existem várias coisas a levar em consideração quando se planeja um trajeto:

Segurança

Ciclistas de vários níveis irão participar; planejar um trajeto com muitas subidas difíceis ou distâncias muito longas não é uma boa idéia. Mantenha uma velocidade moderada.
As ruas escolhidas devem ser grandes o suficiente para acomodar um grande número de ciclistas. (Ruas de mão única são especialmente boas.) Mantenha a simplicidade. Um trajeto complicado que vira em todo lugar pode parecer divertido no papel, mas se mostrará impraticável no passeio. As pessoas precisam ser capazes de ler e memorizar o trajeto facilmente, para que saibam onde estão indo e o que a bicicletada está fazendo.

Prazer

Variar o trajeto todo mês torna a bicicletada numa pequena aventura, e atinge um maior número de pessoas. O clima da Massa Crítica é influenciado pela área pela qual se pedala. Um passeio por uma área comercial, onde gritos e berros ecoam em edifícios altos, e onde há um grande número de motoristas e transeuntes com os quais interagir, irá criar uma atmosfera mais festiva que uma volta por um bairro industrial ou suburbano. Os últimos dois tendem a tornar a bicicletada silenciosa, o que pode ser feito para variar o clima. Cabe a vocês. Tenham um ponto de chegada, como um parque ou bar, onde os ciclistas possam socializar depois da pedalada.

Xerocracia

Em São Francisco a organização do evento têm sido tão parte do seu sucesso quanto tudo o mais. As políticas organizacionais, com líderes e exigências oficiais, etc., foram deixadas de lado para favorecer um sistema mais descentralizado. Não existe ninguém responsável. As idéias são espalhadas, trajetos compartilhados e o consenso é buscado através da onipresentes máquinas de xerox em escritórios ou papelarias de todos os bairros — uma “Xerocracia”, na qual todos são livres para fazer cópias das suas idéias e distribuí-las. Panfletos, mosquitinhos, adesivos e zines circulam como loucos, antes, durante e depois da bicicletada, tornando os líderes desnecessários e garantindo que as estratégias e táticas são compreendidas pelo maior número de pessoas possível.

A xerocravia promove a liberdade e exclui a hierarquia porque a missão não é definida por alguns encarregados, mas é definida amplamente pelos seus participantes. A pedalada não têm a visão estreita de fazer lobby por mais ciclovias e ciclofaixas (embora este objetivo exista) ou protestar contra este ou aquele aspecto da ordem social (embora tais sentimentos sejam freqüentemente expressos). Ao invés disso, cada pessoa é livre para inventar as suas próprias razões para participar e também é livre para compartilhar essas idéias com outros e outras. Algumas pessoas estão lá para promover o transporte com propulsão humana como uma alternativa viável, outros buscam o respeito dos motoristas e dos planejadores da cidade e alguns participam somente porque gostam de andar de bicicleta do sentimento de comunidade com todos os outros ciclistas nas pedaladas da Massa Crítica.

Este “sistema orgânico” não leva ao caos, mas sim a uma atmosfera festiva e celebrativa. Grandes esforços foram feitos para se evitar os defeitos comuns de outros movimentos, com muito espaço xerocrático sendo dedicado a argumentos contra ataques moralistas a motoristas e outras tendências improdutivas. Ao apresentar o ciclismo como uma alternativa divertid e positiva à horrenda destruição feita pela cultura do carro, a Massa Crítica deu visibilidade a uma abordagem visionária sobre o transporte urbano.

Espalhando a Palavra

Espalhar a palavra é o primeiro passo. Panfletos são uma forma rápida e barata de atingir um grande número de pessoas. Com alguns amigos e uma copiadora, você pode saturar a sua região com anúncios da Massa Crítica em alguns dias. Entretanto, as paredes públicas da maioria das cidades já estão tapadas com tanto anúncios que estratégias alternativas são úteis.

Tiras finas de papel xerocado podem ser fixadas em bicicletas pela cidade.
Pequenos adesivos podem ser colado em todos os lugares que os ciclistas amarram suas bicis.
Peça para que lojas de bicicletas e outros negócios amigos das bicicletas coloquem seu panfleto na vitrine.
Boca-a-boca, anúncios feitos por locutores de rádios simpatizantes, ou em palcos de shows, jornais locais, etc.

Estética Xerocrática

Se você quer se comunicar, tem que ser fácil de ler!

Certifique-se que os panfletos distribuídos para os participantes estão legíveis e digam as pessoas o que elas precisam saber sobre a Massa Crítica. Por exemplo, se houver um cruzamento perigoso, ou trilhos de trem, no trajeto, indique no mapa. Fazer o panfleto com o trajeto num computador pode deixar as coisas mais fáceis (se você souber usar o computador), e tem a vantagem de ser legível e de fácil reprodução. A folha com o trajeto também pode servir com um boletim de informações, oferecendo soluções, notícias da última bicicletada, e idéias para a próxima Massa Crítica.

Como a Massa Crítica de San Francisco cresceu além do ponto onde um único ciclista conseguia enxergar tanto o começo como o fim da multidão de ciclistas (aproximadamente mais de 300), uma publicação xerocrática, Critical Mass Missives, começou a aparecer. Ela continha acontecimentos da pedalada anterior, notícias de Massas em outras partes do mundo e discute os problema relativos ou internos da bicicletada.

Panfletos

Durante a bicicletada, as pessoas nas ruas, esperando nas paradas de ônibus, ou sentada em seus carros irão querer saber o que está acontecendo. Você não vai poder parar e conversar com todos eles, e você teria dificuldade em colocar tudo numa só frase, mesmo que pudesse. Então para todos que estiverem curiosos, realmente ajudar se vocês tiverem um pequeno panfleto pronto que informe as pessoas sobre o que é a Massa Crítica, porque achamos que esta ação é necessária e que os convide para a próxima edição.

Esses panfletos podem ser feitos de forma a caberem três numa folha de papel A4 para que sejam baratos e se encaixem bem no seu bolso de trás. Distribua-os no começo da pedalada, certificando-se de que todos que têm interesse possuam uma pilha para distribuir, e observe-os serem distribuídos às centenas a pessoas que de outra forma nunca ouviriam falar da Massa Crítica!

Aqueles que distribuem panfletos durante o trajeto são os verdadeiros diplomatas da Massa Crítica. Geralmente o contato cara-a-cara feito por estes ciclistas e eventuais patinadores têm ajudado a controlar situações tensas criadas por motoristas de carro furiosos que tiveram que esperar. Um ciclista vai até essas pessoas frustradas e explique a bicicletada enquanto lhes dá um panfleto. Isso mostra às pessoas que você pensou um pouco nelas, e ganha algum tempo para a pedalada continuar enquanto eles digerem a mensagem.

Como as rolhas, a distribuição de panfletos dá um ar de auto-controle à Massa Crítica aos olhos dos motoristas e pedestres. Fazer rolhas e distribuir panfletos é geralmente feita na base do improviso, por ciclistas que decidem espontaneamente suprir essa necessidade.

Pedalando

Táticas de Trânsito

Quando os ciclistas vão às ruas em massa, haverá uma certa percentagem de motoristas que não acham graça. Esses motoristas — um minoria, com certeza — terão dificuldade em ver um grupo de ciclistas com trânsito legítimo, e podem insistir em forçar o seu caminho pelo meio da multidão. A interferência desses indivíduos frustrados, presos como estão, em seus carros, podem ser um grande problema para a Massa Crítica, especialmente em grupos menores. As táticas têm que ser desenvolvidas, compreendidas e postas em prática pelo maior número de pessoas possível, a fim de garantir que este problema não se torne um grande inconveniente em um passeio que deveria ser divertido e bem-humorado. Aqui estão as que descobrimos que funcionam:

Densidade — Fiquem Juntxs!

Imagine a Massa Crítica como uma densidade. Ela funciona ao formar uma massa de ciclistas tão densa e compacta que simplesmente desloca os carros. A qualquer momento que o grupo começar a se dispersar muito, com espaços grandes o suficiente para um carro entrar, você tem um ponto problema em potencial se desenvolvendo.

A maneira mais simples e fácil de lifar com este problema é encorajar as pessoas a prestar atenção no que está acontecendo à sua volta, e agir quando as coisas derem errado. Se aparecer um vão grande o suficiente para um carro, alguém precisa entrar nele e chamar um amigo. Se a frente do grupo estiver indo rápido demais e a Massa ficar muito rarefeita, alguém na frente precisa dizer às pessoas para irem mais devagar, e para se reagruparem. O mesmo vale para aquele na parte de trás do grupo, que podem estar andando tão devagar que a Massa, novamente, fica muito rarefeita. Diagramas no panfleto do trajeto que apontem áreas problemáticas e pontos de reagrupamento são uma grande maneira de se fazer entender isso.

A densidade é vital para garantir segurança e para promover uma imagem do ciclismo como prático, seguro e divertido para os participantes da Massa. Quando a Massa Crítica ainda está passando por um cruzamento depois que o semáforo ficou vermelho, na hora do rush, é importante justificar a longa espera para o cruzamento mantendo uma massa constante de ciclistas pedalando pelo cruzamento.

Rolhas

As rolhas são os diplomatas da Massa Crítica. O seu nome vem da sua função. Esse é assim que funciona: um ou dois ciclistas bloqueiam cada faixa de trânsito enquanto o grupo passa por um cruzamento, garantindo assim que, mesmo que surja um vão grande o suficiente para um carro entrar, os carros fiquem parados onde estão. Esta tática é especialmente eficiente se a rolha escolher uma abordagem amigável, não antagonizando os motoristas, até mesmo segurando placas que dizem “Obrigado por esperar” e “Buzine se você gosta de bicicletas!”. Rolhas também precisam proteger a traseira do grupo, evitando que carros avancem nela. É claro, ninguém precisar ser oficialmente apontado como rolha, e as pessoas em grande parte vão assumir esse papel por iniciativa própria.

Sinais Vermelhos

A Massa Crítica deve obedecer às mesmas leis de trânsito que o trânsito motorizado segue? Sim e não. Na maior parte, as leis de trânsito foram feitas para carros, como qualquer pessoa que pedale com freqüência passando por placas de “Pare” pode lhe atestar, e elas certamente não foram escritas tendo em vista grandes grupos de ciclistas. Então a resposta a esta questão é óbvia: a Massa Crítica deve curvar e ignorar as leis existentes de trânsito de modo a garantir a segurança e eficiência do grupo, e obedecer a lei quando ela serve aos nossos interesses e necessidades.

Os sinais vermelhos são o exemplo perfeito deste princípio. Quando os ciclistas bem à frente da bicicletada encontram um sinal vermelho, a única opção sensata é parar. Desta forma, a) ninguém se arrisca se metendo no meio de tráfego em movimento, b) nós damos aos motoristas a simples cortesia de estarem no seu direito, e c) nós temos a oportunidade de parar, reagrupar e formar uma Massa sólida. Mas se, enquanto a Massa Crítica passa por um cruzamento, o sinal fecha, não faz sentido se dividir em dois grupos, e a bicicletada deve continuar passando pelo cruzamento, protegidas dos carros que esperam pelas rolhas.

Quebrar a Massa

Quando a massa se dilui demais para justificar segurar um cruzamento com o sinal vermelho, pode ser útil que alguém grita “MASSA QUEBRADA!”. A primeira seção da Massa Crítica continua através do cruzamento e a segunda parte espera até o sinal ficar verde. Se tudo der certo, os dois grupos vão se reunir no próximo semáforo. Esta tática é mais comumente usada quando a Massa fica maior e menos coesa.

Conheça a Lei

O planejamento acima é o esqueleto do que a Massa precisa para ser agradável e despreocupada como o é. Entretanto, outros problemas surgem tão logos os ciclistas, centenas deles, saem às ruas. As leis de trânsito variam de estado para estado e de cidade para cidade (e de país para país). Descubra o que o Código de Trânsito diz sobre bicicletas na sua área. Conheça os seus direitos; na Califórnia os ciclista “usufruem” de todos os direitos e responsabilidades dos veículos a motor. Saber a verdade sobre as leis e ser capaz de corrigir aqueles que a citam de forma errada dá mais poder aos participantes da Massa Crítica. Você pode obter as leis e regulamentos de trânsito no Departamento de Trânsito.

A Brigada da Testosterona

Como devemos abordar as pessoas que escolhem dirigir, ou que por acaso ficaram presas em carros, talvez por uma emergência médica, quando a Massa Crítica passa? Tão importante quanto definir estratégias para lidar com motoristas hostis é a necessidade de lidar com participantes da bicicletada que podem provocá-los. Para alguns ciclistas, a Massa Crítica é uma oportunidade de irritar motoristas, agora que NÓS somos finalmente os donos da rua.

A confiança exagerada de nossa sociedade no trânsito motorizado é um gigantesco e esmagador problema social, e não vai ser mudada através de táticas mau-humoradas e ineficientes de uma pequena minoria de ciclistas irritados. Mas um movimento para mudanças baseado na reivindicação do espaço público e na construção de uma comunidade humana, aberta a pessoas de todas as partes do espectro social e político, pode contribuir para uma mudança mais profunda e fundamental na forma como nossa sociedade opera.

Vanguardas

Uma das coisas mais importantes para nos darmos conta é que a Massa tem a tendência de seguir quem quer que esteja na frente, quer eles tenham uma idéia clara de onde estão indo ou não. Tipos de “vanguarda”, explorando o seu potencial para liderança, geralmente lançar-se-ão à frente da Massa, passarão por sinais vermelhos quando não é necessário, tentarão bloquear o trânsito o mais que puderem, e tentarão levar a bicicletada numa direção que eles vêem como “radical”.

O que acontece então é que a frente do grupo vai depressa demais, a Massa se espalha, carros entram no meio da bicicletada, ninguém tem idéia do que está acontecendo, situações perigosas acontecem muito rápido e a sua Massa Crítica se torna uma Bagunça Crítica.

O jeito de impedir isto é fazer com que dois ou três amigos que tenham uma idéia de qual é o trajeto e, mais importante, que se preocupam em manter o grupo unido, vão à frente do grupo. Se vocês todos ficarem juntos como um bolo, você pode influenciar o trajeto da pedalada pedalando devagar, falando quando necessário e tentando manter todos juntos.

Se você fizer isso, você tem que estar preparado para aturar uma certa quantidade de besteiras vindas de pessoas que podem pensar que você está tentando impor as suas idéias sobre todos os outros. (Um senso de humor ajuda: numa bicicletada em Berkeley, alguém gritou “Sigam aquele policial até a rodovia!” depois que um ciclista agressivo tentou levar o grupo até uma rampa de acesso à autoestrada.) Falar o que você pensa e afirmar ativamente a sua iniciativa não é ser autoritário — na verdade, é a essência da democracia.

Lesmas

Lesmas são um grupo de ciclistas que criam antagonismo pedalando muito devagar na parte de trás da massa. Essa lerdeza faz com que o grupo fique mais disperso e irrita os motoristas que estão esperando que a massa passe por um cruzamento, ou que estão atrás da massa, impacientes para que ela se mova.

Mais uma vez, deixe as pessoas saberem o que você pensa a respeito e se acostume com este tipo de interação. Lembre-se, estas pessoas não estão lá para fazer com que o maior número de pessoas se divirta. Elas estão irritando os motoristas de uma forma egoísta e destruindo qualquer associação positiva que os motoristas possam já ter tido com o resto da massa jovial que passou por eles.

Polícia

Manifestações públicas tendem a prejudicar a imagem do governo, uma vez que elas mostram claramente que o governo nem sempre representa o povo e tem o seu apoio. Naturalmente, a polícia se preocupa com as manifestações populares, e geralmente escolhem uma dessas duas abordagens: ou atacam a manifestação — expondo a natureza impositora na qual esta sociedade se baseia — ou eles tentam se mostrar como sendo apoiadores e protetores da manifestação.

Com as pedaladas da Massa Crítica de Bay Area, a polícia geralmente escolhe a segunda, a abordagem paternalista, permitindo que a bicicletada ocorra, bloqueando o tráfego para nós e certificando-se que a sua presença seja sentida como uma “escolta”. Em outra ocasião eles até mesmo chegaram a anunciar num megafone antes da pedalada, “Bem-vindos a este evento!” — uma pessoa pouco informada poderia até mesmo ter presumido que toda a coisa era planejada e executada pela própria polícia!

Quando a polícia começa a prender pessoas ou atacar os ciclistas, eles estão tentando provocar um confronto com o qual eles poderão justificar um ataque repressivo — um confronto no qual a sua vitória é quase garantida. É importante não aceitar a sua oferta. Quando a polícia exigir que todos vão para a faixa da direita, façam isto. E então, quando a área estiver limpa, volte. Depois de mais algumas tentativas de controlar a Massa, a polícia geralmente cede e se dá conta que, a não ser que prendam todos, há pouco que eles podem fazer exceto acompanhar o passeio e realmente agir como os servidores públicos que eles anunciaram ser no começo.

A melhor estratégia é, evite violar qualquer lei a menos que você precisa, tente dialogar com aqueles indivíduos na Massa que mostram um tendência a fugir de controle e não dêem uma desculpa para que a polícia pare a sua manifestação ou prenda alguém. Tente ser honesto e cumprir as leis. Afinal, estamos apenas indo para casa numa coincidência organizada, então dê aos policiais um panfleto com o trajeto se eles quiserem um.

Por mais que a polícia queira possuir ou controlar a bicicletada, a Massa Crítica é um movimento popular que opera independentemente das regulações governamentais, e como tal, nós não queremos nada com a polícia (embora eles possam querer algo conosco). Dentro da cultura anti-autoritária do meio ciclista, recusar os comandos arbitrários da polícia pode fazer sentido. Mas a melhor abordagem à presença policial numa Massa Crítica é não entrar em nenhum confronto patético onde seremos derrotados, nem abraçá-los como nossos salvadores e protetores. Ao invés disso, devemos ignorá-los e seguir com o nosso negócio de construir uma Massa.
Be up front and aboveboard about the ride. After all, we’re just riding home together in an organised coincidence, so give the cops the route sheet if they want one.

Pontos-de-Vista

Paciência Revolucionária

Muitos de nós atraídos pela política revolucionário são muito impacientes — com a grande sociedade, mas também com nós mesmos e especialmente com as pessoas que não vêem como a vida seria melhor se fossemos todos atrás das nossas visões revolucionárias. Esta impaciência com o lento desenvolvimento das comunidades humanas orgânicas, comunidades que podem realmente ser capazes de construir uma lógica diferente para o nosso cotidiano, geralmente leva a situações de confronto infantis e simplistas. Estas posturas são muito mais sobre auto-afirmação do que realmente revolucionárias, mais sobre estar disposto a enfrentar um perigo do que sobre desafiar a organização da vida moderna.

Se xs ciclistas revolúcionárixs têm tanta vontade de ir para auto-estradas, então ao invés de bloquear faixas de trânsito por que não esperar pela tranqueira da hora do rush e então ultrapassar os carros que já estão parado com dúzias ou centenas de bicicletas passando pelo congestionamento, e saindo da rodovia na próxima saída depois de um demonstração convincente da facilidade, superioridade e do prazer de se andar de bicicleta? Imagine a supresa e apoio que podemos gerar se fizermos uma intervenção como esta, com cortesia e respeito?

É um pressuposto grosseiro demais assumir que alguém preso em seu carro é necessariamente um grande apoiador do status quo. Leve em consideração as complexidades das escolhas e limites pessoais e tente criar aberturas nas mentes das pessoas, ao invés de pressupor que alguém que não fez as mesmas escolhas que você sobre o que comprar, como se locomover e estilo de vida em geral é seu inimigo consciente e merece a sua condenação moral, ira ou provocações. Não é fácil agir politicamente quando levamos a sério como são difíceis, profundas e pessoais as mudanças que buscamos. Mas o prazer, a paixão e a paciência pode motivar verdadeiros progressos. Lembre-se os americanos sic que você despreza hoje podem ser os seus aliados amanhã se você fala sério sobre mudanças!

Alerta de lesma! Alerta de lesma!

Durante as últimas duas Massas Críticas um pequeno grupo de entre 30 e 40 pessoas tem ficado pra trás. Às vezes é inevitável ficar mais para trás mas em outras parece que com isso está sendo feita alguma forma de ‘declaração’. A maioria dos ciclistas aqui concordariam prontamente que a vida moderna é muito corrida, e que nós deveriam reduzir um pouco o ritmo e curtir. Esta é provavelmente uma das perspectivas mais comuns da Massa Crítica, e isso é o que fazemos ao participar.

No entanto, se arrastar de mais pode ser prejudicial.

Seus amigos estão sendo os “rolha” nas intersecções para aumentar a segurança de todos. Se eles são bons nisso, eles envolvem os motoristas da volta e contribuem para criar um clima de celebração. Qaundo um vão de 1/4 a 3/4 de um quarteirão se abre e os ‘rolha’ têm que ficar segurando o trânsito (sem bicicletas) por dois ou três minutos, todo o relacionamento se quebra e a segurança daquela pessoa é prejudicada. Existem psicopatas lá fora, gente, muitas vezes sentados sozinhos nos seus automóveis. Por que não ficarmos todos juntos e ajudarmos a manter o grupo unido, coerente e seguro?

Algo a levar em consideração: se um grupo de ciclistas ficar pra trás o suficiente, os rolhas devem QUEBRAR a MASSA e deixar o trânsito fluir no sinal verde. A frente da Massa vai precisar parar em algum momento de qualquer forma e deixar a densidade se reformar, então quem ficou para trás podera alcançar o grupo na próxima pausa. Todos nos sentiremos muito mal se alguém se machucar por que a lentidão rompeu com a nossa maior qualidade, nossa massa.

Crítica de Massa

Em grande parte de nossas vidas somos forçados a aceitas situações que não escolhemos para nós. Como consumidores, eleitores, empregados, permitimos que decisões cruciais sobre nossas vidas sejam feitas por outras pessoas, mais poderosas. O quão triste é então – e ainda quão previsível – que os nossos movimentos por mudança social muitas vezes sofrem do mesmo problema. Quando entramos em um partído político, assinamos uma petição, fazemos parte de uma manifestacão, na maioria das vezes estamos simplesmente aceitando a opinião de outra pessoa, cantando slogans que não criamos e apoiando leis que não entendemos.

A Massa Crítica é, ou deveria ser, algo diferente… Um espaço onde as idéias e ações não são impostas às pessoas, onde as pessoas podem ter um papel ativo, ao invés de passivo, na construção de um futuro aceitável, mesmo que de uma forma pequena.

Como ninguém está no comando da nossa bicicletada mensal, e nenhuma ideologia específica é colocada à frente, os participantes são livres para inventar suas próprias razões para estar lá. A vivacidade da Xerocracia, a predominância de bandeiras e cartazes feitos a mão – sem mencionar o fato de que a Massa Crítica está se espalhando para outras cidades – são todos sinais de que estamos fazendo algo certo. Infelizmente nem todos vêem desta forma.

O Cavalo e o Cavaleiro

Existem aqueles que gostam da Massa Crítica e participam regularmente, mas que a criticam por sua falta de forma e sua natureza apolítica. Para essas pessoas, é necessário politizar a bicicletada organizando alguma forma de comitê diretor, cantos, megafone e segurança oficial. Se você prestar atenção pode ouvir conversas sobre ‘tomar as rédeas’, ‘domar’ a energia da Massa Crítica para alcancar um objetivo político válido e predeterminado.

Mas quem é o cavaleiro aqui? E quem é o cavalo? Além dessas analogias serem absurdas e repulsivas, essa abordagem é contra-produtiva, como quem participou ou ouviu falar da super-organizada mas pouco frequentada bicicletada de Santa Cruz pode confirmar.

Tirania da Maioria

Outro grupo que procura impor a marca de suas ambições políticas na Massa Crítica, e que obtiveram de certa forma mais sucesso, são aqueles que defendem um posicionamento mais agressivo, antagonista para o evento. Táticas nesse sentido incluem cercar e confrontar motoristas que se aproximarem da Massa, provocar a polícia, e pedalar até a frente do grupo e abruptamente desviar a rota combinada numa tentativa de tomar controle da bicicletada.

O objetivo é supostamente de radicalizar a Massa Crítica, forçando ela a uma direção mais confrontacional e até violenta, uma idéia que lembra o comentário de Chomsky de que as táticas, por si só, não resultam em radicalismo.

O que estas duas abordagens têm em comum é a impaciência com a tarefa lenta e sofrida de educar os outros e se organizar para um futuro que valha a pena viver. Uma abordagem realmente radical para os problemas sociais que enfrentamos seria construir comunidade e oferecer uma alternativa – um fato que aparentemente foge da mente daqueles que acreditam que as pessoas tem que ser enganadas ou forçadas a criar um mundo melhor.

É óbvio que ninguém deve ser impedido de se expressar ou compartilhar seus pensamentos e opiniões. Todos queremos ver a Massa Critica como um espaço estratégias políticas diversas possam ser debatidas e experimentadas. Mas a questão é que, se você quiser ver a Massa Crítica ir nessa direção, faça cópia de suas idéias e passe adiante. Somente covardes e autoritaristas se encolhem perante o desafio da persuasão!

Pode ser que tudo o que fazemos é ir de um lugar para outro em bicicletas. Mas o que é tão fascinante é que ao tentar executar essa tarefa tão simples, surgem muitas questões importantes e provocantes. Por um momento, uma janela se abre para um futuro possível: um futuro no qual ninguém está no comando e a maioria das pessoas anda de bicicleta!

61 respostas para Como Fazer uma Massa Crítica

  1. Lucy Leite disse:

    Muito interessante! Parabéns pela iniciativa. Também vou divulgar.

  2. Xel disse:

    Olá Massa Crítica Poa!

    Sou da Massa Crítica Natal e nós publicamos o texto também no nosso blog

    http://www.bicicletadanatalrn.blogspot.com

    Muito bom e útil. Na Massa Crítica Natal nós também produzimos vários materiais. Se vocês tiverem interesse em trocar idéias conosco, visitem nosso blog e vamos trocar mensagens e materiais para formar a rede da Massa Crítica Brasil…

    Abraço,

    Xel
    Massa Crítica / Bicicletada Natal

  3. Gabriel Grandó disse:

    Urgente! Alguém sabe de algum candidato a Deputado Estadual que esteja engajado na implantação do Plano Diretor Cicloviário em Porto Alegre?

  4. Zé Evandro disse:

    BICICLETA É O TRANSPORTE DO FUTURO!
    BARRACA É A CASA DO FUTURO!!
    CARRINHO DE PAPELEIRO É O CAMINHÃO DO FUTURO!!!

  5. Rafael santos disse:

    Muitíssimo importante este tema e outros que direta ou indiretamente fazem parte do contexto! Qual a possibilidade de iniciar o movimento e a articulação do mesmo na cidade de Novo Hamburgo (45km de POA). Têm viabilidade? Nunca participei de uma bicicletada, apesar de ser um entusiasta e defensor dela! Entendi que o movimento não possui um “responsável”, entretanto acredito que possua articuladores de discussões gerais a respeito, se possível, entrem em contato, abraço forte, aguardo contato e tenham um excelente dia!

    • Marcelo disse:

      Com certeza é possível e viável organizar uma Massa Crítica em NH, Rafael. Só precisas definir um dia fixo do mês para realizar o evento e sair colando cartazes e espalhando panfletos pela cidade, divulgando na internet (nós ajudamos a divulgar aqui nesse blog também).

      A Massa Crítica de Porto Alegre começou com cinco pessoas. 🙂

  6. Jussara disse:

    Achei a iniciativa muito linda, mas sinceramente fiquei bem preocupada com os pedestres, já que vocês afirmam que seguirão os sinais de trânsito só quando lhes for conveniente. Sou pedestre e usuária de ônibus, e todos nós já passamos por muitos problemas com motoristas que desrespeitam a sinalização. Talvez nesse sentido vocês poderiam dar o exemplo, também.

  7. Pingback: Resolvi ASSUMIR « /gabrieldivan

  8. paola oliveira disse:

    Porto Alegre tem ciclovias que ligam a cidade! Me digam onde por favor? Os carros tomaram conta da cidade. Das cidades. Todas as cidades. As cidades se tornaram montanhas de carros na horizontal.
    Gostaria de trabalhar de bike. Eu e meu marido, optamos em não ter carro, mas a cidade não me dá alternativa. Como posso me locomover? Onde posso andar de bike de forma segura? Na Independencia, Osvaldo Aranha, Azenha, Ipiranga, onde? Me diga. Posso ir a PUC de bike?
    Além do perigo, não há lugar para as bikes. Não é a primeira vez que vejo acidentes e atropelamentos de ciclistas nessa cidade. Uma cidade que se diz ter sangue européia. Lá não se diz ciclovia. Vá a Suíça e veja o que são ciclovias. E no plural; elas cruzam bairros e cidades. As vezes estão numa calçada mais larga. Os ciclistas têm seu espaço.
    Aqui na cidade do forum social e da copa do mundo somos bárbaros no trânsito, somos cowboys do trânsito, medievais em relação a mobilidade urbana. Coronéis com seus cavalos de raça, impacientes que abrem caminho a ferro e fogo.

    • luizmullerpt disse:

      Paola

      Parabéns pela atitude de vocês em obtar por não ter carro. Eu também não tenho, por opção. É deprimente andar trancado dentro de um automóvel em meio ao congestionamento diário do centro de Porto Alegre. Sem falar no gasto com estacionamento, seja em vía pública (paga pra guardadores) seja em garagens privadas que custam os olhos da cara. A gente gasta menos andando de taxi, se preciso e urgente for. Dá também pra ir de ônibus ou de lotação. Eu iria de bicicleta se as condições de trafegabilidade fossem dadas pelo poder público. Em 2001, Porto Alegre inaugurou o “caminho dos Parques”, uma ciclovia que ligava os parques mais centrais da cidade. Era a única. Ela foi extinta no governo Fogaça/Fortunatti. A promessa eram não sei quantos quilômetros de ciclovias. Fora alguns trechos, que são poucos, e que sequer se interligam, não há nada. e tentaram vender a idéia de que estavam preocupados com o trânsito,. Criaram até um sinal: aquele da mão aberta, para sinalizar o que a lei já determina, o respeito a faixa de segurança para pedestres. E gastaram muito dinheiro com a propaganda da tal “mãozinha”. Uma grana que poderia ser utilizada para desenvolver um projeto de viabilização do uso da bicicleta em POA, por exemplo. Mas não. Aplicaram a grana numa “mãozinha”.

  9. Pingback: As bicicletas e o Carmageddon em Porto Alegre « Numeralha

  10. eu não acreditei que isso aconteceu em poa!
    esse fato é um absurdo, era só o que faltava.
    se é pra ser assim que liberem as armas de fogo de uma vez.
    pois esse canalha estava armado, com um veiculo.é o mesmo que um tiro à queima roupa.
    oque ele possui uma carta de motorista ou um porte de arma?

  11. edson cubeiro disse:

    PEDIMOS A ESSE JORNAL QUE NOS AJUDE A TER CONTATO COM O GRUPO QUE ORGANIZOU O PASSEIO CICLISTICO QUE SOFREU O ATROPELAMENTO EM PORTO ALEGRE, PARA QUE POSSAMOS ORGANIZAR AQUI NO RIO, NA PRAIA DE COPACABANA, FAZENDO UMA MANIFESTAÇÃO DE APOIO A ELES, COM A PARTICIPAÇÃO DOS MESMOS. SE O JORNAL PUDER NOS AJUDAR A LOCALIZÁ-LOS PARA QUE POSSAMOS TER ESSE CONTATO. BLOG: TRANSITOMAISHUMANO.BLOGSPOT.COM
    TEMOS CERTA URGÊNCIA PARA QUE O ACONTECIMENTO NÃO CAIA NO ESQUECIMENTO E PERCA A FORÇA.
    UM ABRAÇO
    EDSON CUBEIRO – PAI ÓRFÃO DE FILHA ÚNICA VÍTIMA DA VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

  12. Leandro disse:

    Então…
    a culpa pela falta de ciclovias é das autoridades e vocês se revoltam contra os condutores de carro ? O que os motoristas têm a ver com isso ?

    • tiago barufi disse:

      Cara… é um pouquinho mais complexo do que isso.
      Em uma frase tão curta você colocou pelo menos três falácias, desanimadoramente convencionais, mas vamos lá:
      1) Não se trata de “falta de ciclovias”. A própria ideia de que lugar de bicicleta é numa pista segregada, separada dos carros, vai contra o que muitos de nós consideramos adequado.
      O que está em discussão não é simplesmente uma obra viária. É uma mudança na cultura que coloca o automóvel como central em todo planejamento de nossas cidades. É contra esse pensamento dominante, que é endossado por muitos fatores que não cabem aqui, que estamos atuando.
      Talvez, em alguns casos, ciclovias sejam bem-vindas. Mas eu considero que essa não é a solução mágica.
      Não cabem aqui também todas as considerações possíveis sobre o que seriam alternativas ao planejamento urbano que é centrado em carros. Acho que você pode encontrar neste site inúmeros pareceres importantes sobre isto, que serão muito esclarecedores.
      2) Não se trata tampouco de uma “revolta contra condutores de carro”! Não sei onde você conseguiu essa interpretação, mas nada é mais distante da realidade do que acreditar que nossos objetivos envolvam convencer todo mundo a andar de bicicleta! Além de soar impossível, tal proposta é muito simplista.
      Muitos de nós temos carros, mas encontramos alternativas a somá-los ao contingente poluidor que atravanca a vida de todos. Não precisamos colocar nossos carros na rua todos os dias, e isso deveria ser visto como um gesto benéfico aos demais condutores de carros! Onde, em seu entendimento, a Massa Crítica promove revolta contra os condutores de carros?
      É claro que um dos objetivos mais importantes é procurar convencer mais pessoas a se juntar a nós em passeios, e principalmente a fazer parte do contingente que pedala todos os dias para cumprir seus afazeres, conseguindo atingir seus destinos sem ser acossados pelo tráfego pesado da cidade. Diferente dos carros, quanto mais veículos do tipo bicicleta estiverem nas ruas, maior será nossa segurança. A ideia errada de que somos inimigos dos carros é falaciosa e deve ser combatida.
      3) Os motoristas têm, sim, tudo a ver com isso!
      O que buscamos em primeiro lugar é melhorar as relações que existem hoje em dia no tráfego de nossas cidades. Isso passa, necessariamente, pelos condutores de carros reconhecerem que os outros, pedestres, ciclistas e motociclistas…. todos têm direito a esse espaço! Não podemos esperar as autoridades fazerem alguma coisa! Não queremos assistir às pessoas serem enjauladas, seja dentro de seus carros ou fora deles, porque a fórmula montada para a convivência torna as ruas um inferno.
      As leis, e principalmente a aplicação destas, surgem dos anseios da sociedade. Não podemos deixar de expressar nosso ponto de vista, se desejamos aprimorar o mundo que vamos deixar para nossos filhos.
      Convido você a aparecer na próxima Bicicletada de sua cidade. Talvez você possa ver a prática destes princípios de que estou falando. A Bicicletada é, mais do que um protesto, uma celebração da retomada das ruas pelas pessoas, para as pessoas.

  13. William Rosa disse:

    Meus parabéns! Gostei da iniciativa! Tenho 17 anos, sou da zona sul e comecei a ir a escola usando minha bicicleta. É a melhor coisa do mundo. Sobre o ocorrido, o marginal irá se ferrar, e vida longa e ar puro aos ciclistas! Abraços!

  14. Fred disse:

    Os objetivos do movimento são bem intencionados mas bloquear o caminho de outras pessoas (eu disse pessoas e não carros. Passageiros de ônibus são prejudicados também, por exemplo) não é educado, é uma atitude antipática, até mesmo agressiva e não contribui para a causa. Sou ciclista e adoraria me locomover pela cidade somente de bicicleta mas o trânsito é formado também por pessoas que pensam diferente de vocês. Vocês merecem respeito mas eles também.

    A saída é modificar a infraestrutura atual para dividir melhor o espaço e evitar que um determinado grupo não tenha vez. Creio que seria mais eficiente se organizar e demandar dos governantes a contrução de ciclovias ou faixas para ciclistas em pontos da cidade. Isso de forma pacífica, sem atrasar nem bloquear ninguém.

    • João disse:

      Caro Fred,
      sugiro a leitura da Carta ao Prefeito que foi entregue no dia 06 de dezembro do ano passado. Verás que as reivindicações do movimento são no sentido de construir uma cidade efetivamente para todos.

    • Eneida disse:

      Amigo Fred.
      Lendo o que vc escreveu, parece que a Massa Crítica bloqueia. A Massa só faz o carro que vem atrás andar mais devagar, até que a Massa chegue a uma via em que haja segurança para os ciclistas,quando então uma, duas, três pistas ficam só para os carros. A Massa não atrasa ninguém mais do que cinco minutos. Além disso, não é bloqueio, os carros não precisam parar, só diminuir e por pouco tempo. Além disso, os carros não fazem isso de tornar os deslocamentos mais lentos sempre que eles, carros, estão em massa nas ruas (e em geral com um só motorista)? A Massa ocorre só uma vezinha ao mês! São duas horas de Massa em um mês inteiro. Isso é tão antipático? E vou te dizer, como participante da Massa , que não é mesmo. Muitas, mas muitas pessoas, abanam, sorriem e buzinam de forma alegre enquanto passamos. Estão forçando este argumento e, sinceramente, não sei como ciclistas e pessoas com abertura não se dão conta disso. OU pelo menos não se disponham a participar de uma Massa antes de reproduzir de forma tão acrítica esse blábláblá que já está cansando.Desculpa, amigo, o desabafo. Para quem está dizendo isso pela primeira vez, pode parecer que estou sendo antipática, mas se vc tivesse que responder isso dez vezes por dia, entenderia. Desculpa mesmo, imagina que estou falando num tom de voz bem cordial, tá? porque meu sentimento é esse e sobretudo de solidariedade com as vítimas.

      • tiago barufi disse:

        Eu também estou cansado de tentar explicar isso, acho que vou copiar seu post para mostrar para os que ficam martelando essa questão. Pode?

      • Fred disse:

        Eneida,

        Confesso que sou “novo” no assunto pois assim como muitos outros, fui atraído a ele pelo acontecimento infeliz da semana passada.

        Escrevi meu texto baseado no artigo “Como fazer uma massa crítica”, aí em cima. Neste texto há orientações para que alguns ciclistas sejam “rolhas”, fechando um cruzamento para que motoristas não consigam se mover mesmo com sinal verde para eles. Há orientação também para “não deixar espaço para um carro passar pela massa”. Se isso não é bloquear, não sei o que é.

        Mas pasmo mesmo fiquei quando li que os ciclistas não deveriam respeitar todas as leis de trânsito!

        Eu moro no Rio de Janeiro e trabalho na avenida Rio Branco, a principal via do Centro da Cidade. Quase toda semana tem algum grupo de pessoas reclamando de alguma coisa. Só que elas solicitam o evento a Polícia Militar e eles organizam a manifestação de modo a garantir a segurança e o direito de opinar dos manifestantes e garantem também a circulação de quem precisa ou simplesmente prefere veículos automotores.

        Vou resumir minha opinião: A causa é boa mas o método é muito ruim.

      • Fred disse:

        Tenho uma história interessante pra contar. Uma vez visitei a cidade de Londres. Lá as pessoas tem um costume ao usar as escadas rolantes, principalmente as do Metrô: os que não tem pressa ficam SEMPRE parados no lado direito da escada, mesmo que estejam em grupo. Isso permite que os apressados e atrasados passem quase correndo pelo lado esquerdo. Todos ficam satisfeitos.

        Talvez nós ciclistas ficássemos satisfeitos somente por poder andar em segurança no nosso lado direito e deixar o lado esquerdo pra quem prefere trafegar de outro jeito (ou ficar parado no engarrafamento).

      • ntlnck disse:

        Puxa, realmente interessante, Fred… legal que o pessoal se organiza em Londres. Mas vale lembrar que isso aí é uma forma de transitar num fluxo exclusivamente composto por pedestres. Fica meio difícil comparar esse seu exemplo com a relação entre bicicletas e carros.

      • João disse:

        caro Fred,
        quando o texto se refere aos “rolhas” é uma expressão para aqueles que darão segurança num cruzamento para que todos os ciclistas possam passar permanecendo juntos. A segurança de cada um é o grupo compacto, portanto, quando uma parte da massa passa em um cruzamento, se alguns ficassem para trás correriam muitos riscos quando o sinal abrisse e os veículos motorizados arrancassem sobre eles.
        Os ciclistas não estão bloqueando a via: estão se deslocando em velocidade compatível com a segurança de todos.
        Todos devemos respeitar as leis de trânsito. O que o texto sugere é que, na situação descrita acima, a segurança do grupo e a necessidade de mantê-lo compacto se sobrepõe ao sinal vermelho.
        Contudo, isso só ocorre uma vez ao mês. No dia-a-dia é fundamental seguir todas as leis do trânsito (aliás, isso é uma das reivindicações do movimento).
        abraços cíclicos.

      • Mariana disse:

        Fico contente que nosso metrô aqui em São Paulo já esteja tão lotado que exija práticas modernas como as de Londres.
        Por aqui todo mundo fica parado do lado direito da escada.

  15. Luiz Otávio disse:

    Lendo estas informações sobre a formação de grupos, fiquei chocado… Parece o MST do asfalto… Concordo que deve haver segurança para que os ciclistas possam se locomover nas grandes cidades principalmente, pois trata-se de um meio de transporte saudável, não poluente e eficiente para curtas e médias distâncias. Entretanto, fechar o trânsito na hora do rush com um grupo grande de ciclistas para protestar contra a violência do trânsito contra os ciclistas, é no mínimo estapafúrdio. Os cidadãos já penalizados pelo caos do trânsito não precisam de mais sofrimento. Façam os protestos nas sedes de prefeituras e governo de estado. Estes poderão resolver nossos problemas (sou ciclista também). Vamos canalizar os esforços para aqueles que podem resolver os problemas, e não prejudicar quem também é vítima deles.

    • tiago barufi disse:

      Ai, não sei se vale a pena responder.
      Mas se você se deu o trabalho de vir até aqui ler isto, não deve ter aversão a ler mais um pouquinho, então vamos lá mais uma vez.
      Eu fico perplexo quando vejo estas pessoas indignadas porque a Massa Crítica “fecha o trânsito”. Vamos deixar isto bem claro: Normalmente, a Massa Crítica se desloca, e isto a uma velocidade superior à dos carros em rush na maioria das cidades!
      É claro que os carros têm que esperar a passagem das bicicletas, porque um grupo de ciclistas grande tem uma dinâmica diferente daquela dos carros. Os carros podem se deslocar muito rápido, dada uma região de trânsito desimpedido – mas isso geralmente é escasso na cidade. A a velocidade média da Massa Crítica é dada pela velocidade da bicicleta, nada desprezível. Se você também é ciclista, deveria saber disto. A velocidade e o peso dos carros são perigosos para todos os veículos e muito mais para as pessoas desprotegidas que deveriam estar ocupando o espaço público, mas estão injustamente acossadas. É por isso que a Massa Crítica deve se manter coesa e não deixar os carros se meterem no meio das bicicletas. Há pessoas ali que estão usufruindo da possibilidade de enxergar a cidade do ponto de vista da bicicleta, às vezes pela primeira vez, sem ter a prática dos ciclistas diários, e merecem a proteção que a multidão proporciona!
      A Massa Crítica é formada por pessoas de diferentes vertentes políticas – deve haver até mesmo pessoas religiosas de variadas procedências. Isso não importa, porque estamos unidos por uma coincidência muito extensa em valores básicos, que estão ligados ao questionamento da forma que nossas cidades escolheram para se desenvolver, um modelo claramente destinado ao fracasso. É desanimador saber dos números relativos ao custo dos congestionamentos, os motores queimando o petróleo sem nenhuma finalidade, as ruas intransitáveis e perigosas para todos.
      Um carro parado na rua transversal, sujeito a corking, geralmente perderá um ou no máximo dois ciclos de semáforo, e isto na Bicicletada de São Paulo, que deve ser a maior do Brasil. Não existe argumento capaz de me convencer de que seja grande injustiça ter de esperar cinco minutos a mais para atravessar um cruzamento e ser presenteado com a visão de pessoas usufruindo de suas bicicletas na companhia de amigos. Algumas destas pessoas têm de se munir de uma paciência e serenidade consideravelmente maiores quando se aventuram sozinhas nas ruas que são franqueadas aos motorizados.
      Eu não sei se o seu parecer está fundamentado na observação. Da minha parte, tenho percebido que a hostilidade das pessoas no caminho da Massa – sejam pedestres ou motoristas – é sempre uma exceção. É uma atitude obtusa culpar outros, ou o poder público, pelo congestionamento que seu próprio veículo está gerando. Nossas bicicletas não causam congestionamentos. Se resolvêssemos fazer o trajeto de carro estaríamos legitimados no seu ponto de vista?
      Estamos tentando mostrar ao mundo que existem alternativas simples para resolver problemas complicados do mundo contemporâneo. Não estamos querendo banir os carros e confiscar as ruas. Não queremos implementar algum regime da bicicleta. Queremos retomar a rua para as pessoas, colocar a humanidade de volta no espaço público. Seja em carros, bicicletas, razor scooters, motocicletas ou a pé.
      Gostaria muitíssimo de saber se você está postando indignado aqui devido a alguma experiência desagradável com a Massa Crítica. Aguardo sua manifestação.
      E, finalmente, quero convidá-lo a participar da próxima Bicicletada. Minha cidade é São Paulo, mas atualmente há eventos em muitas cidades.

      • Fred disse:

        Tiago,

        Se você morar em um bairro residencial localizado a 40 Km de seu trabalho, coisa mais que comum nas maiores cidades do país, terá de se locomover utilizando transporte público ou carro e não poderá usar a bicicleta, a não ser que você seja quase um atleta profissional. Um amador não costuma pedalar mais rápido que uns 13Km/h. Faça as contas e constate a inviabilidade disso. Por mais que a pista esteja totalmente livre, ninguém quer utilizar 5 horas do seu dia para se locomover entre casa e trabalho e ainda por cima fazendo força.

        Eu acho bizarro estar “discutindo” isso com pessoas ligadas a esse movimento pois sou ciclista amador (treino em uma via tranquila com aclives e declives antes das 06:30), tenho carro mas não uso no dia a dia, pra trabalhar (ando de ônibus) e mal uso no fim de semana. Deveria até vendê-lo pois pago impostos inutilmente.

        Eu deveria na verdade estar fazendo coro com vocês pois moro a somente 11 Km do meu trabalho e posso pedalar a mais de 20km/h. Eu levaria metade do tempo que levo de ônibus.

        Se estamos falando em eficiência nos transportes, todos nós deveríamos estar lutando por menos carros e mais transportes de massa rápidos, confortáveis e menos poluentes como metrô, trens urbanos e ônibus elétricos, por exemplo. Isso sim resolve a situação. O resto é gastar energia a toa.

      • Marcelo disse:

        Não é gastar energia não, Fred. Conheço MUITA gente que gostaria de ir de bicicleta para o trabalho e não o faz por medo do trânsito.

      • tiago barufi disse:

        Justo.
        Eu comentei aqui mesmo outro dia que o problema do trânsito está ligado diretamente ao planejamento das cidades.
        Se uma pessoa escolhe morar a 40 km do seu trabalho, e precisa se deslocar todos os dias, é evidente que a bicicleta não será uma alternativa inteligente para ela. Mas você já parou para pensar no sentido de todos esses deslocamentos?
        Na minha cidade, vemos todos os dias um contingente imenso se deslocar da zona leste para a zona sul, atravessando a cidade, às vezes por distâncias maiores do que 40 km. É grotesco quando se observa que essa região central atravessada todos os dias, e progressivamente sendo abandonada por causa das condições impraticáveis, valorizações artificiais de terreno e outros problemas estruturais, poderia muito bem abrigar os moradores que assim não precisariam de tanto transporte! Bônus adicional para o fato de que a infraestrutura normalmente já está toda lá. Perceba como são os deslocamentos longos que causam o congestionamento.
        Não acredito mesmo na solução mágica, pregada por alguns, de que colocar mais e mais metrô deve resolver tudo de uma hora para outra. A começar por todos esses deslocamentos. Claro que o metrô é ótimo, ônibus que funcionasse direito seria formidável, mas a estrutura da cidade é assassinada por iniciativas que visam transformar regiões inteiras em corredores sem vida própria. Isso favorece apenas o status de quem tem carro. Atravessar todos os dias os 40 km de congestionamento num ônibus é um castigo bem grande, e posso até entender quem acredita que comprar mais um carro vai resolver o problema!
        Entender, sim, mas não aceitar calado esse estado de coisas.
        É ainda mais desanimador conhecer pessoas que, tendo a possibilidade de escolher seu local de moradia, optam por construir casas em bairros distantes, às vezes 40 km interior do estado adentro, para se deslocar todos os dias para a capital! E são essas mesmas pessoas, as tais formadoras de opinião que foram para o interior em busca de uma idílica qualidade de vida, que passam o tempo em congestionamentos causados por seus próprios carros, amaldiçoando a situação que eles mesmos estão ajudando a manter. Não conseguem jamais a tal qualidade de vida, porque acabam usufruindo mais do tempo em seus carros do que nas suas casas construídas em terrenos espaçosos. Colocam a culpa pelo seu infortúnio em qualquer coisa, a primeira que vier à mente, em lugar de parar um minuto em pensar onde estamos nos metendo, afinal.
        Não é possível continuar colocando a culpa nos governantes quando a atitude ditada pelo senso comum prega esse modo de vida insustentável.
        Estamos aqui, e em muitos lugares, tomando providências práticas para mostrar o que é possível:
        Retomar as ruas!

      • Luiz Otávio disse:

        Jovem Tiago, primeiramente quero agradecer a sua imensurável bondade expressada pela primeira frase do seu texto: “Ai, não sei se vale a pena responder”. Primeira lição a aprender: tolerância. Eu não estou escrevendo para confrontar ninguém, nem para convencer alguém a mudar de opinião. É apenas a opinião de um cidadão. Finalizado o preâmbulo, vamos voltar ao que interessa. Na sua segunda contribuição você colocou em palavras o meu pensamento: as grandes cidades tem um problema estrutural, vinda da falta de planejamento que deveria ter começado há décadas. Vou falar de São Paulo, onde vivo. Conheço outras cidades, mas foram visitas rápidas a negócios ou turismo, portanto não me sinto capacitado a abrange-las no meu comentário. Hoje um grande número de pessoas utiliza carro porque precisa levar filhos para a escola, ou visitar clientes em diversos locais, durante o dia. Impossível utilizar bicicleta nestes casos. Também devido ao relevo da cidade, motocicleta seria a escolha de muitos, porém poluem mais que automóveis.
        Voce menciona o fato de que moradias estão sendo construídas cada vez mais distantes do local de trabalho… Isto não tem muito jeito, porque o preço dos imóveis nas áreas centrais é muito alto. Também ninguém consegue prever se ficará na mesma empresa até a aposentadoria. Há empregos que exigem deslocamentos, como vendas por exemplo. Logo, estas sugestões são impraticáveis. Então continuaremos parados em congestionamentos por muitos anos ainda, e pagando um IPVA absurdo. Não sou otário, tenho que pagar os impostos porque dependo do meu carro.
        Agora, enfrentando seriamente a situação: qual a sua proposta para solucionar isso? Andar de bicicleta em horário de rush, penalizando quem sofre junto com você? Não me parece lógico. Os esforços estão canalizados para o alvo errado. Melhor seria a participação deste grupo no planejamento das cidades, reivindicando o que for de interesse. Caso isto já aconteça, então por que o movimento nas ruas? Se neste momento ainda houver dúvida, por favor recomece a leitura deste texto.
        Note que este movimento se originou em San Francisco em 1992, e se hoje San Francisco tem um trãnsito razoavelmente controlado (ou ao menos era na última vez que estive lá), em São Paulo é diferente. Cinco minutos de atraso em um semáforo leva a muitas complicações ao redor.
        Resumindo: todos as grandes cidades tem sérios problemas de transporte, não importa qual seja, envolvendo qualidade, segurança e outros. Estamos na mesma situação (eu duplamente, pois sou motorista e ciclista), e se não formos efetivos na forma de reivindicar, corre-se o risco de que a manifestação do Massa Crítica, como é nos moldes de hoje, seja visto pelas autoridades e por parte da população como um passeio ciclístico travestido de movimento social. Dado todo este cenário, infelizmente temos que enfrentar a realidade nua e crua: a curto prazo ao menos, os descontentes que se mudem – e isto se aplica a motoristas de automóveis, motociclistas e ciclistas.
        Quanto ao seu convite para uma pedalada, eu aceito com prazer, desde que seja em final de semana ou feriado. Caso contrário, que seja após 21:00h, fora de avenidas e longe de hospitais.
        Nos vemos por aí.

      • Luiz Otávio disse:

        Fred, após escrever meu comentário notei que poderia tê-lo ofendido, ao fazer referência ao pagamento de impostos. Sem dúvida foi muita grossura de minha parte, mas nem pensei em fazer qualquer referência a sua pessoa. Peço sinceras desculpas pelo possível mal-entendido que possa causar.

      • tiago barufi disse:

        Luiz Otávio,
        Quando mencionei que não achava válido responder, eu me referia exatamente a isso: eu quero mudar as pessoas, e duvido que você não queira. Se não quisesse não estaria postando aqui.
        O problema é que você quer convencer as pessoas aqui que o que estamos fazendo é perda de tempo ou prejudicial até. E, apesar de ser inútil plantar ideias na cabeça de pessoas como você, que já têm estabelecida a noção de que lugar de bicicleta é em alguma pista de treinos, longe do resto do mundo, e num horário estabelecido para não atrapalhar a rotina, eu preciso combater sua pregação.
        Chega de apartheid.
        Preciso refutar a ideia de que é assim mesmo que as coisas têm de ser. A sua descrição dos hipotéticos caixeiros-viajantes se deslocando lentamente de carro para ver seus clientes é tanto deprimente quanto fantasiosa, porque você está supondo para o todo o que são casos particulares. Particularmente não conheço nenhum caixeiro-viajante, mas todos os automobilistas aqui têm reclamações quase diárias sobre o problema do trânsito – que eles mesmos estão ajudando a criar e manter.
        E o pior é que você está acomodado desse jeito, você não tem capacidade de se indignar com coisas como o desperdício de energia que esses modelos superados representam, porque para a sua vida essas coisas não fazem diferença.
        Trata-se de criar uma fantasia onde a culpa pelos problemas de trânsito é dos outros, ou do acaso, qualquer coisa serve, menos mexer no sagrado símbolo de status que é o deslocamento de carros. Trata-se de esperar das autoridades severas providências que vão miraculosamente desafogar o tráfego. Estamos assistindo aqui à construção de novas pistas que tão logo são inauguradas estão sobrecarregadas ou em alguns casos servem para transportar mais rapidamente todos os carros até o próximo gargalo, e quem sabe matar algum pedestre pelo perigoso delito de atravessá-las fora da faixa.
        Não posso aceitar que essa desertificação dos espaços públicos seja a única alternativa de urbanismo que possa povoar a mente das pessoas como você, que talvez sejam as tais formadoras de opinião, e têm o arrogante costume de tratar de “jovem” alguém cuja idade ignora, para procurar desqualificar uma argumentação.
        É triste saber que você viaja, vai aos Estados Unidos e talvez a outros países e volta para reparar como o nosso país é atrasado, para continuar copiando os vícios dos nossos colegas do norte. Você por acaso sabe que a Massa Crítica surgiu em São Francisco e que, se o trânsito de lá parece melhor para você, certamente as bicicletas e a recepção das ruas a elas têm importância primordial nisso? Você só é capaz de pensar, como alguns outros, que “isto é brasil, aqui as coisas são assim mesmo”, e que esse negócio de bicicletas na rua é perigoso porque atrapalha os sagrados carros?
        Você devia aprender com os americanos, que estão começando a demolir as imensas junctions que atravancam as cidades deles – e descobrindo, como em Baltimore, que isso na verdade pode melhorar o trânsito dos automóveis.
        Precisamos retomar as ruas para as pessoas e andar de bicicleta nelas é a maneira que encontramos. Andar em grupos, quanto maiores melhor, para que as pessoas compartilhem a experiência e aprendam a pedalar em segurança, e descubram que o espaço público deveria pertencer a todos.
        Você precisava ter testemunhado a recepção das pessoas, nos passeios recentes em São Paulo, que saudavam a Massa Crítica de dentro de seus carros. Não são todos, eu sei. Também existem os nervosinhos, que ficam buzinando e xingando, mas eles não são a maioria. Essas pessoas já perdem tanto tempo em seus congestionamentos diários que a Bicicletada não tem impacto – eu medi, e são raras as ocasiões em que o corking as retém por mais de um ciclo de semáforo. E não existe bloqueio de veículos de emergência. É uma consideração ignorante achar que estamos bloqueando o trânsito de alguém.
        Não valia a pena escrever para você. Alguém que chama os outros de “jovem” para de demonstrar sua arrogância talvez seja muito velho e não vai permanecer aqui por tanto tempo no congestionamento mesmo. Todas essas ideias já foram expostas por gente que escreve melhor do que eu. Entretanto, você veio ao debate expondo um ponto de vista que eu queria refutar.
        Aprendo coisas novas todos os dias, mas as suas “lições” para mim representam somente arrogância na defesa insustentável de um modelo falido.

        Saudações,

        Tiago Barufi

      • Luiz Otávio disse:

        Tiago, a arrogância também lhe incomoda? Interessante. Não quero que estes textos sejam pessoais, porque não é este o objetivo deste site, e parece que estão caminhando neste sentido. Certamente manter o site custa caro demais para este tipo de coisa. Voce distorceu minhas observações ao inferir que sou contra o uso de bicicletas. Como escreví, eu gosto muito de bicicleta, e uso a minha sempre que possível. Não invalido o movimento, pois todos tem o direito de defender seus interesses. Não quero te convencer de nada. Mas em um ponto todos nós, que temos saúde mental, concordamos: indivíduos como o motorista do Golf devem ser afastados do convívio social. De minha parte, encerro aqui este thread. Seja feliz conduzindo sua vida da forma que melhor lhe convenha, pois acredito que você seja bem jovem e terá muitos anos pela frente para desfrutar a vida.

  16. Eneida disse:

    Oi, Tiago, pode sim. Eu já estou no recorta e cola há horas.

    Fred, meu amigo! Que bom que o assunto passou a te interessar. É o assunto do futuro que o infeliz homicida potencial acelerou (desculpem a piada de mau gosto).

    O papel de rolhas cabe a alguns ciclistas que sinalizam aos carros quando o sinal abre para eles que ainda há ciclistas passando. Sim, talvez ele perca um sinal. Isso significa o que?dois minutos? quatro minutos? No máximo. E não é por outra razão que não mais uma vez a segurança da Massa.
    Nessa parte, “não deixar espaço para um carro passar pela massa”, pode ser um problema de tradução. Não se pode deixar espaço para um carro entrar na massa. È que esse é um risco. Se os ciclistas mais de trás se distanciam dos da frente, eles criam um buraco que poderia acarretar alguma insegurança caso um carro entre ali. E isso não quer dizer um carro “mal intencionado”. Simplesmente nós temos que andar num grupo coeso, como se fôssemos um só corpo. No caso dessa pedalada específica, massa crítica, é uma forma de segurança.
    De fato, a massa tem características especiais, próprias. Existem outros passeios de bicicleta, mas são outros passeios com suas regras.
    Mas o melhor de tudo, Fred, seria tu participares. Daí fica mais fácil te explicar. Tenho certeza de que se tu vieres conosco, entenderás bem melhor. Até porque nós nem sempre temos facilidade em explicar com palavras. E além do que, nada como a prática para se experimentar. Não se pode explicar a alegria de viver a alguém fechado numa bolha.
    grande abraço!

  17. Pingback: Leitura Recomendada | Massa Crítica – POA

  18. Arnaldo Rebello Jr disse:

    Alguém sabe se existe algum núcleo da massa em Sampa?

  19. Fred disse:

    Luiz Otávio,

    O que quis dizer sobre o imposto é que eu fico pagando IPVA todo ano por um carro que uso muito pouco. Nada contra os impostos. O problema é o mal uso deles pelo governo. Mas aí é outro assunto loooongo…

    Abs

  20. El Basco disse:

    Naquele exato momento, parecendo um tranquilo, rotineiro e até agradável final de tarde de sexta-feira do dia 25/02, estava ao terminal de vendas em um centenário sobrado da Cidade Baixa pensando no “nada”, rodeado de medicamentos, shampoos e clientes, porém ouvi um “ronco” de motor e em instantes presenciei através da vidraça do meu trabalho cenas em primeira mão que, (graças aos avanços tecnológicos puderam ser capturadas e divulgadas a público, repercutindo assim nos “quatro cantos do planeta”) o que um ser humano pode fazer com um instrumento em um momento de psiquê que ao mesmo tempo, mesclara “fúria” e “desequilíbrio”: Um invento que revolucionou o mundo dos transportes, agora transformado em arma mortal: O AUTOMÓVEL…

    Pessoas e bicicletas que até então circulavam tranquilamente pela Av. José do Patrocínio no bairro Cidade Baixa em Porto Alegre pedalavam em um manifesto pela “PAZ NO TRÂNSITO” e “PELA DIMINUIÇÃO DO VOLUME CAÓTICO DE CARROS NAS RUAS”, protesto que, com toda a razão transformou nossas vias públicas na atualidade em uma verdadeira “MASSA CRÍTICA”, nome atribuído ao grupo de ciclistas que periodicamente reúne-se em Porto Alegre, (assim como em outros em locais do mundo existem eventos semelhantes com a mesma proposta), esse mesmo grupo organiza passeios e “pedaladas” sempre preconizando à paz no trânsito e a utilização da bicicleta como meio eficiente, não poluente e saudável para o transporte e lazer), “indiferente e estático” o relógio da farmácia marcara pouco mais de 19:00, o pôr-do-sol nunca imaginara que o “destino” de forma paradoxal reservaria segundos mais tarde aos ciclistas e suas bicicletas:

    Destroçadas ao vento, como em um ensaio (de bestialidade) digno de “Duro de Matar” ou semelhante às cenas dos “atentados a bomba” no Oriente ao qual diariamente estamos acostumados a acompanhar já sem muito espanto nos noticiários, naquele “flash” de momento vidas estavam em jogo através de uma atitude insana de um motorista que, por motivo banal atenta sobre a vida do grupo, avançando seu carro sem piedade e atropelando dezenas de pessoas que, graças a seus capacetes e pela “Divina Providência” não tornaram-se vítimas fatais e motivo para estatísticas no já, (“abarrotado” número de processos judiciais em trâmite ou arquivados relativos ao obituário por mortes no trânsito), assim abrindo espaço velozmente entre vítimas e destroços foge do flagrante, abandona seu veículo ou “arma mortal” em bairro próximo e desaparece…

    Tal funcionário público do BC, ao qual pagamos o seu salário através da tributação de nossos extorsivos impostos, apresenta-se com seu advogado alegando legítima defesa causada na realidade por uma simples e eventual discussão no trânsito com um ciclista, mesmo que o passeio tenha ocorrido sem o conhecimento da EPTC, a esse indivíduo pode ser lhe dado o direito de sair tentando aniquilar pessoas simplesmente porque a referida avenida estava “congestionada” pelos manifestantes?
    Seria esse indivíduo fruto psicótico da “perda de referenciais e da fragmentação social” no chamado “Mal-Estar da Sociedade Pós-Moderna” ao qual o sociólogo polonês Bauman defende???

    Todos nós saímos à rua como que num rápido reflexo para ajudar os feridos com o que tínhamos ao nosso alcance, o “caos” ao redor: Desespero, gritos de dor, pessoas desorientadas, muitos chegaram impotentemente à correr atrás do agressor, mãos na cabeça, perplexidade, bicicletas retorcidas, ciclistas e desconhecidos socorrendo, “dando a mão” ao levantar o companheiro machucado no asfalto, em momento de tamanha abominação ao mesmo tempo via-se a prova da solidariedade e amor ao próximo lembrando até certo dualismo entre as forças do “bem e do mal” …

    Uma das poucas coisas que estavam ao meu alcance fora entrar no cenário e uma das primeiras visões e ações ao qual me defrontei fora “conter” fortemente e acalmar uma jovem mais uma vítima caída ao chão, sem muitas escoriações, mas em “choque” debatendo-se frente ao cenário de terror ao qual sua razão não aceitara, enquanto isso meus colegas de serviço tentavam levantar ou ajudar outros feridos assim como muitos voluntários, moradores e um enfermeiro entre outros ciclistas também o fariam até as ambulâncias da SAMU chegar e socorrer as vítimas….

    Fico honrado pelas saudações e aplausos do movimento “MASSA CRíTICA”, ao qual ficará sempre em minhas lembranças e à todos nós da farmácia no PROTESTO PELA PAZ da última segunda, onde centenas manifestaram apoio e sentimento de solidariedade e busca pela justiça nas principais vias de Porto Alegre, assim como o próprio evento tornou-se, apesar de trágico uma página da História da Cidade, portanto, que esse acontecimento “bizarro” sirva como instrumento de alerta às autoridades para o rigor na formação de condutores hábeis e equilibrados, aptos à possuírem carteiras de habilitação e mais ainda, que contribua para a difusão do movimento “MASSA CRÍTICA” avançando com sua “missão” social agregando cada vez mais adeptos a causa a que defende e PARA QUE A JUSTIÇA SE CUMPRA condenando esse indivíduo que, à partir desse momento já não pode ser mais ser classificado como “homo sapiens sapiens” devendo trocar seu paletó de burocrata por uma “bela camisa de força” no manicômio judiciário…

    • alinemr disse:

      muito obrigada pelas tuas palavras de apoio e por compartilhar conosco o teu relato. os momentos foram horríveis também para xs que assistiram. incrível a ajuda que vocês da farmácia prestaram para nós. não nos cansamos de dizer isso. solidariedade sem medidas. e aqui de novo você nos reconforta mais uma vez ao nos compreender e mais uma vez se solidarizando. sem “poréns”.

      “fora “conter” fortemente e acalmar uma jovem mais uma vítima caída ao chão, sem muitas escoriações, mas em “choque” debatendo-se frente ao cenário de terror ao qual sua razão não aceitara, ”

      foi exatamente assim que eu me encontrava, obrigada mesmo.

      • El Basco disse:

        Um grande e apertado abraço, e muita força pra “superar” essa barra… sem palavras ….pq também fiquei perplexo…
        Se convida a galera pra postar em um blog que criei com o mesmo depoimento manifesto!!! Valew!!!

        http://elbascobr.blogspot.com/

  21. El Basco disse:

    Retificando o segundo parágrafo que, talvez não ficara muito claro, ao falar de “protesto que, com toda a razão transformou nossas vias públicas na atualidade em uma verdadeira “MASSA CRÍTICA”, refiro-me à quantidade exarcebada de veículos em circulação em nosso País cuja estrutura viária não fora imaginada e projetada para tal contingente de automóveis em circulação, no qual as atividades de movimentos como os do “MASSA CRÍTICA” são legítimas para se apontar e alertar a população para tal problema e indicar alternativas de transporte e sustentabilidade como a bicicleta….

  22. edson cubeiro disse:

    SOU PAI DE FILHA ÚNICA VÍTIMA FATAL DE ATROPELAMENTO A JOVEM MICHELLE CHAFFIN CUBEIRO, EU MORO NA TIJUCA E AOS DOMINGOS EU E MINHA ESPOSA, PARA NOS DISTRAIR POR RECOMENDAÇÃO MÉDICA USAMOS O METRO PARA NOS DISLOCAR COM NOSSAS BICICLETAS PARA COPACABANA, PARA PASSEAR NA CICLOVIA.
    QUEREMOS NOS UNIR A OUTROS CICLISTAS PARA NO DIA 13 DE MARÇO (DOMINGO) FAZER UMA MANIFESTAÇÃO CONTRA O CRIME COMETIDO POR UM MOTORISTA DESUMANO E VIOLENTO QUE ATROPELOU OS CICLISTAS EM PORTO ALEGRE. POR FAVOR NOS CONTATE ATRAVÉS DO EMAIL TRANSITOMAISHUMANO@IG.COM.BR OU TELEFONES 2268-0546 / 9122-9107
    UM ABRAÇO A TODOS
    EDSON CUBEIRO

    • tiago barufi disse:

      Caro Edson
      A Massa Crítica e as manifestações motivadas por esse episódio têm acontecido em todo o continente. Até na França a repercussão levou o tradicional passeio a incluir uma parada na embaixada do Brasil para manifestar solidariedade às vítimas e indignação pela indiferença de parte da sociedade.
      O atropelamento precisa parar de ser considerado acidente. É este o momento de mudar o pensamento das pessoas quanto ao problema que levou a vida da filha de vocês e leva igualmente a dor a pessoas em tantos lugares.
      O momento é esse e a internet é a grande ferramenta para propagar ideias e mobilizar pessoas.
      Particularmente, tenho acessado numerosos blogs de pessoas que pedalam e que estão muitas vezes insatisfeitos com o estado das coisas.
      O interessante é que você começa a navegar por um blog como este aqui, linka para outro como este http://pedalinas.wordpress.com/ , ou este http://vadebike.org/ , encontra histórias, algumas tristes e muitas inspiradoras, de gente que resolveu fazer alguma coisa para melhorar este mundo.
      O twitter é um dos canais importantes de divulgação de mobs, bicicletadas, manifestações em geral. Seguindo as pessoas certas, você consegue encontrar os eventos que reúnam pessoas por seus objetivos comuns. Entrando em contato com as pessoas da sua cidade é possível reunir e mobilizar aqueles cujos interesses se unem.
      Todos juntos somos fortes!
      Abraço,
      Tiago Barufi, de São Paulo
      twitter.com/alien9

  23. Aldo Leal disse:

    Companheiros amantes da bicicleta, sou morador do bairro de Campo Grande no Rio de Janeiro, e fiquei absmado com o que vi. Espero que esse crime não fique impune, e que
    seja um marco na consciência dos administradores públicos.
    A anos atrás, pedalava de Barra de Guaratiba para Campo Grande, quando derrepente levei uma pancada na orelha esquerda. Por sorte, cai rolando para fora da pista onde tinha um gramado. Fiquei zonzo! Uma pessoa próxima ao local da queda, foi a casa pegou o carro, voltou armado e disse: se os alcançacem, eles não sairiam dali vivos. Felizmente ou infelizmente eles conseguiram fugir, e eu fiquei com minhas escoriações e meio surdo temporariamente.
    Estamos juntos nesta luta onde todos sairam ganhando.

    Aldo Leal

  24. Pingback: 13/03 Massa Crítica Belo Horizonte « Mixsórdia >> Guia Cultural >> Belo Horizonte | MG

  25. Pingback: Os selvagens da bicicleta | Sociedade | Revista Alfa. Inteligência, Atitude, elegância e boa vida

  26. José Antônio Berta Antunes disse:

    Sugiro que compareçam à 2ª reunião do Eixo Temático Desenvolvimento Urbano e Ambiental, do V Congresso da Cidade, no auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC, em Porto Alegre, no dia 1º de junho às 19h, pois o tema será Mobilidade Urbana.

  27. julia disse:

    Olá,
    Gostaria de um contato (nome, e-mail, telefone) de um membro da coordenação do Massa Crítica – POA, para conversarmos sobre a possibilidade de representar o movimento em uma audiência pública em Brasília.
    Parabéns pela iniciativa.

  28. Buenas galera que curte as Bikes…. queria deixar o convite para que no dia 20 deste mês alguns interessados em fazer bicicletada compareçam a um encontro muito legal… que está reunindo ONGs, pessoas e estudantes em torno do evento criado pela 350.org – Moving Planet. A idéia é o evento Planeta em Movimento Porto Alegre.

    Na primeira reunião tivemos pessoas da AGAPAN, Greenpeace, pessoas normais como um musico, uma professora de teatro… eu que tenho contato com os universitários e com outras ONGs… nesse primeiro momento sonhamos um evento tal como uma feira de intervenções… imaginemos uma travessia pela Redenção, onde de todos os lados encontremos coisas diferentes, como um protesto por Democracia Real Já de um lado e um Free Hugs ou danças circulares de outro… tudo isso acontecendo em harmonia.

    Já temos confirmadas atrações como exibição de filmes na sala do Orquidário, uma banquinha do Brique que se prestará a expor os argumentos científicos para o quadro climático atual, a participação de um artista plástico com oficinas, algum flashmob… As pessoas que compareceram irão dispor de suas redes na possibilidade de trazer empresas que estejam nos mostrando no dia quais as tecnologias limpas de energia que dispomos para que tomemos consciência da acessibilidade delas (sobretudo na solar residencial).

    Que tal uma bicicletada? Deixo o convite para vocês… eu sou 350.org e me chamo Lucas Magnus.

    LINK DO EVENTO: http://www.moving-planet.org/pt/events/br/porto-alegre/594

  29. Pingback: Um movimento político chamado bicicletada | bicicletada curitiba

  30. Kel disse:

    Boa Noite
    Como faço para participar da Massa Crítica?

  31. Aldo M. disse:

    O link indicado, de onde foi traduzido o texto http://www.reachoutpub.com/cm , não funciona mais.

  32. Pingback: Brigada da Testosterona e Polícia | Vá de Bici

  33. Eros Thanatos disse:

    Obtendo alguma notícia de nossa (?) mídia tradicional, fiquei informado do protesto na Rua Voluntários da Patria, referente a morte da criança num atropelamento; parabéns, realmente começo acreditar que este movimento massa crítica, além do caráter ecológico, socio-econômico, ganhou minha simpatia ainda maior, pois apoiou com este protesto uma população desassistida pelos políticos, pelos poderes governamentais, pela mídia tradicional, pelas ONGS que se preocupam só com as classes mais abastadas; acredito que vocês estão no caminho certo, a ecologia é holistica e deve englobar também as injustiças sociais que assolam a quinhentos anos esta terra brasilenses… Pedaladas, vida longa e PAX…

  34. Grupo Sapiens Emilio Meyer disse:

    Boa tarde.
    Vimos por meio deste, representar a Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer.
    A instituição pretende fazer um passeio ciclístico e gostaríamos de convidá-los para o passeio que tem o objetivo de solicitar para as autoridades, por meio de um abaixo assinado, promover a construção de dois eixos cicloviários na Av. Oscar Pereira e Moab Caldas – Av. Cruzeiro do Sul, que interligue com o colégio que situa-se na Av. Niterói.

    Gratos por sua compreensão,
    Grupo Sapiens.

  35. Grupo Sapiens Emilio Meyer disse:

    :3

  36. Werner Georg Hesseln disse:

    As pessoas que se utilizam de bicicletas tem a mesma cultura dos motoristas, não respeitam a distância mínima em relação a caminhantes e corredores. Minha esposa foi atropelada por uma bicicleta nas imediações do estádio Beira Rio
    onde há imenso espaço para todos. O ciclista ia fugindo quando foi interpelado pelas pessoa que estavam cuidando da corrida POA DAY RUN , e teve que voltar para prestar ajuda. Os caminhantes e corredores sofrem o mesmo problema que o ciclistas sofrem em relação aos carros. Será que nós corredores e caminhantes temos que criar uma massa crítica dos corredores e caminhantes?
    Werner Georg Hesseln

  37. Lilian Casagrande Koppe disse:

    Bom dia, gostaría de enviar um convite para vcs para um evento aqui em Gramado/RS que irá tratar sobre a Mobilidade Urbana, portanto, gostaría de saber o e-mail para encaminhar o convite.
    Lilian Casagrande Koppe – liliancasagrande.k@gmail.com

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